A máscara em que você vive
- Isadora Pimenta
- 24 de jan.
- 2 min de leitura
É importante pensar e repensar o machismo, nas suas mais diversas camadas e revisitar como ele repercute na sociedade, nos homens à nossa volta, em nós mesmas (mulheres ou homens).

Recentemente reassisti The mask you live in (A máscara em que você vive - em português) e me trouxe algumas novas reflexões. O documentário de 2015, retrata como o machismo estrutural violenta homens e mulheres a partir do ensinamento e perpetuação do que é considerado "ser homem” em nossa sociedade. Como são violentados meninos, crianças, que desde muito cedo são ensinados a não sentir, não expressar suas emoções, sua sensibilidade, negar em si e desvalorizar tudo o que é considerado “feminino”.
A consequência disso reflete nos dados de feminicídio, misoginia, homofobia, mas também no aumento da probabilidade de jovens e adultos homens serem presos, terem maior probabilidade de ser diagnosticado com um distúrbio de comportamento, cometerem suicídio, entre outros dados alarmantes. Este número é ainda maior quando analisamos um recorte de cor.
Dez anos depois de ter assistido pela primeira vez, revi agora com a perspectiva psicóloga clínica, cujo a metade dos pacientes são homens (um número alto considerando o número de homens que buscam terapia, justamente pelos motivos citados acima). Testemunho diariamente a angústia de homens que, com muita coragem, buscam aprender a se expressar emocionalmente, a ampliar seu vocabulário emocional para conseguir nomear o que sentem, a olhar para sua criação, revisitar suas crianças interiores e amparar aquele menino que, desde muito cedo, foi ensinado a não sentir, a não demonstrar, performar.
Todo processo terapêutico é muito bonito de testemunhar, mas acho especialmente comovente quando um homem consegue dar esse salto em direção a si mesmo, pois as barreiras emocionais são muitas. É preciso muita força e coragem para romper internamente com esse sistema que, em tantos sentidos os privilegiam, mas em tantos outros os aprisionam.
Fica o convite para repensarmos masculinidades: nos próprios homens, nas nossas relações, especialmente na criação das nossas crianças. Uma reflexão necessária para evoluirmos enquanto sociedade.
O documentário no YouTube legendado: https://www.youtube.com/watch?v=PQbIkhDiE7M&themeRefresh=1 Bibliografia para aprofundar a reflexão:
Lugar de Fala por Djamila Ribeiro
Canção para ninar menino grande por Conceição Evaristo
Os meninos são a cura do machismo por Nana Queiroz
Sejamos Todos Feministas por Chimamanda Ngozi Adichie
Mulheres, Raça e Classe por Angela Y. Davis
O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras por bell hooks
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